Wilde Post do Dia
"Work is the curse of the drinking classes."
Oscar Wilde, In Life of Oscar Wilde, H. Pearson
"Quid Rides? De te fabula narratur." Horácio.
Talvez não seja nada, mas quer-me parecer que se está a preparar uma nova equação europeísta para pôr os eleitores entre a espada e a parede no referendo acerca do Tratado Constitucional Europeu. A semana passada foi Romano Prodi a afirmar que:
"If the constitution is rejected by one state, we'll see what we can do. If several states reject it, that would be a tragedy. A mortal crisis for the project of a political Europe"
Ou seja, ou aprovam o Tratado Constitucional, ou esqueçam a União Europeia porque a matam.
Agora é a vez do nosso digníssimo Presidente servir de arauto do caos e de, na mesma linha, dizer que:
"Os riscos da crise existem e com ela a possibilidade de diluição do projecto europeu."
Por outro lado, a Suécia, segundo o Le Monde, já decidiu jogar pelo seguro e não referendar o Tratado por receio do eurocepticismo dos eleitores, enquanto em França os socialistas estão divididos entre o Sim e o surpreendente Não.
Em primeiro lugar, há que realçar que o Tratado é uma "Bruxelada" para entreter eurocratas. Os povos europeus não foram consultados, tidos ou achados na necessidade de uma Constituição nem nos seus termos. Nem directa, nem indirectamente uma vez que o projecto não parte do Parlamento Europeu mas sim de um grupo de trabalho obscuro presidido por Giscard d'Estaing. A única forma de a legitimar é ter a sua aprovação em referendos nacionais e estes devem servir para se fazer a posteriori o debate que devia ter sido feito a priori.
Este tipo de afirmações intimidatórias e alarmistas não só não assustam os cidadãos europeus (este, pelo menos) como agravam a situação. Não só o processo constitucional não foi claro e transparente, como quer passar por definitivo. Ou os cidadãos aceitam esta versão, ou esquecem a União Europeia. O referendo não passa de um pró-forma para calar os apelos de maior democraticidade nas instituições europeias.
Por outro lado, o Presidente vai mais longe ao começar já a campanha pelo "Sim" num referendo que ainda nem data tem, apelando a todos os europeístas para "cerrarem fileiras e se empenharem colectiva e pessoalmente no processo de ratificação do Tratado Constitucional".
Pois se já abriram as hostilidades, cá fica: é necessário cerrar fileiras e empenhar-se colectiva e pessoalmente na Não ratificação do Tratado Constitucional porque ele é mau, excessivo, pouco democrático e porque temos o direito de dizer que não a este tratado sem que isso signifique o fim do mundo.
P.S. Um grupo de notáveis, entre os quais vários constitucionalistas, entregaram uma petição à Provedoria de Justiça, por achar que a última revisão constitucional - feita para "acomodar" a constituição europeia - é inconstitucional . A petição encontra-se aqui. Entretanto, o PSD quer re-rever a Constituição para se poder realizar o referendo.
"Por tudo isso, não sou, nem nunca fui, dos que tendem a considerar Alberto João Jardim como uma espécie de bobo da corte, de ébrio de serviço ou de inimputável crónico, recursos habituais de um indiferentismo destinado a encobrir o que politicamente se passa de muito sério na Madeira. Um processo de instrumentalização perversa da autonomia regional num microcosmos insular, económica e culturalmente marginalizado, por parte de uma oligarquia política e económica que através do nepotismo e do controlo clientelar do Estado e dos negócios assegura a sua perpetuação no poder em regime de crescente esvaziamento e formalização da vida democrática."
Perguntinha:
Se o Sr. Professor está tão preocupado com a falta de democracia na Madeira, se crê que as eleições não são livres e se é (ou vai sendo, ou foi e vai voltar a ser - no Bééé nunca se sabe) deputado desta Nação onde existem mecanismos de controlo eleitoral e das instituições, que raio anda a fazer além de artigos insultuosos e caluniosos no Público (que, ao que parece, se vende livremente na terra do Bokassa)? Pessoalmente, o Alberto João não entra na lista dos meus favoritos, mas irrita-me esta lengalenga do défice democrático principalmente quando vem de quem tem responsabilidades da manutenção da democracia e de quem propõe isto para a Madeira. O que propõem é que seria a verdadeira "angolanização". Depois admiram-se que os eleitores votem em Bloco no Alberto.
Segundo um "estudo", 60% dos portugueses são obesos. Cá para mim isto não passa do politicamente correcto na ciência e nestes 60% estão dos roliços, as rechonchudinhas, os barriguditos, as gorduchinhas, etc. Agora OBESOS! 60%?! Tenham dó! Anorécticos!
"O declarado europeísmo liberal deve ser rapidamente ultrapassado pela esquerda, na senda da tradição antinacionalista do movimento operário. Esta entrega ao "processo" europeu deve ser feita a partir de baixo, a partir do "regresso" a uma acção política em que os movimentos sociais teçam as redes donde é possível nascer um poder constituinte que reinvente a produção e transforme o mundo."
Não, não é um texto de 1974, nem tão pouco do Anacleto (embora algo me diga que o senhor será convidado a juntar-se). Saíu no Público de Segunda-feira e, paradoxalmente, é das coisas mais reaccionárias dos últimos tempos.
Parece que a autoridade da concorrência acordou e recomenda a abertura de postos de abastecimento nos hipers. É boa ideia, dada a sua notória incapacidade de regular os revendedores em Portugal, pelo menos que se quebre o seu domínio de mercado através de novos concorrentes. Obviamente, António Saleiro é contra: "Não consegui perceber esta vontade louca que a Autoridade da Concorrência tem em estar permanentemente a dizer que só nas grandes superfícies se pode vender mais barato."
Talvez fosse boa ideia explicar-lhe o que é um cartel:
"A cartel is a group of producers whose goal it is to fix prices, to limit supply and to limit competition".
Há que reconhecer que Saleiro e a sua Associação cumprem a definição à letra. Mantêm os preços artificialmente altos, controlam a rede de distribuição limitando assim a oferta e fazem tudo por tudo para limitar a concorrência. Não faltava mais nada do que ter hipers a vender combustível.
No DN de hoje (29/09) Saleiro volta ao ataque no drama do cartelzinho indefeso às mãos de concorrentes mauzões. Segundo uma Breve (sem link) a Anarec queixa-se das gasolineiras praticarem concorrência desleal e pede a intervenção da Autoridade da Concorrência e do fisco! Ouçam o Saleiro e fiscalizem, mesmo!
Pinochet não se lembra de nada. Condor? Qual Condor? Este?
I'd rather be a sparrow than a snail
Yes I would, if I could, I surely would
I'd rather be a hammer than a nail
Yes I would, if I only could, I surely would
Away, I'd rather sail away
Like a swan that's here and gone
A man gets tied up to the ground
He gives the world its saddest sound
Its saddest sound
I'd rather be a forest than a street
Yes I would, if I could, I surely would
I'd rather feel the earth beneath my feet
Yes I would, if I only could, I surely would
Já uma pessoa não pode tirar uns dias para ir à terra mais mágica do país (Marvão, obviamente) que quando volta está tudo exactamente na mesma.
- Uma tragédia no Algarve com uma criança assassinada serve de pretexto a peregrinações, violações do segredo de justiça e a 25 minutos de noticiário na SIC Notícias (auto-intitulada de serviço público) com entrevistas ao cão, ao gato e ao canário da aldeia. Não serve para uma reflexão séria sobre o que anda a Segurança Social a fazer neste país quando deixa crianças nas mãos de "famílias" destas enquanto milhares de potenciais pais adoptivos ficam à espera anos a fio. Já era tempo da legislação desmistificar a paternidade biológica. Os pais não são donos nem têm qualquer direito em relação aos filhos, têm apenas deveres. Se não cumprirem os deveres, o Estado tem o direito e a obrigação moral de lhes retirar os filhos, sem mais. Os exemplos de incúria para com as crianças são vários e os do mau funcionamento da Segurança Social, que com base numa qualquer teoria de que os filhos estão sempre melhor com os pais biológicos comete erro atrás de erro, são ainda mais. Era bom que as assistentes sociais começassem a ser responsabilizadas pelos relatórios que fazem e pelas recomendações de manutenção das crianças no seio das "famílias" a que pertencem.
- Ainda na categoria "mais do mesmo" Celeste Cardona foi nomeada para a administração da CGD. É óbvio que a Caixa é hoje em dia, como as restantes empresas públicas, um repositório de ex-governantes desempregados. Não é um problema de partidos (o PS fez o mesmo - veja-se o caso de Armado Vara) é um problema de fundo. A solução há muito que é conhecida: privatize-se de vez a Caixa e acabe-se com este resquício de marxismo de concentração do capital nas mãos do Estado porque o Estado é mau gestor. Estas nomeações são a prova.
- Sócrates "limpou" as eleições no PS, como previsto. João Soares, o "experiente" que nunca foi eleito para nada, mostrou que representa o papá e pouco mais. Manuel Alegre devia seguir à letra a sua teoria de rejuvenescimento e sair de uma vez da Assembleia da República dando lugar a alguém mais jovem e poupar-nos também as exibições públicas de mau perder.
- Ainda não há notícia da colocação dos professores e as explicações de David Justino acusando o seu Secretário de Estado de ser responsável uma vez que delegou nele essa responsabilidade são a prova da falta de vergonha na cara da maioria dos nossos governantes. O Ministro é responsável porque foi ele que delegou e se recebeu "informações incorrectas" a culpa também é dele que não as verificou. Para vir sacudir a água do capote desta maneira, mais valia ter ficado calado. Enquanto isto, descobriu-se que não são só os alunos que adoecem todos ao mesmo tempo, os professores também sofrem do mesmo problema e há sempre "médicos" disponíveis para o atestar devidamente. Não há é juntas para enviar esses "médicos" de volta à faculdade para aprenderem a reconhecer os sintomas das doenças fraudulentas que afligem o corpo docente.
- Três pessoas morreram quando assistiam a uma "corrida" de automóveis numa estrada pública. A polícia sabe onde se realizam as corridas, sabe quando se realizam e até sabe quem corre. Só não sabe prendê-los.
- Enfim, o Belém continua bem lançado (graças à colaboração alheia) e é hoje que passamos para primeiro.
Pérolas no Parlamento ou Louçã de Altifalante
«A direita divide-se hoje entre a hipocrisia e o cinismo, entre os que acham que a lei é necessária para cumprir e os que entendem que deve ser mantida porque não se cumpre»
Hã? Achar-se que uma lei é para cumprir é ser-se hipócrita? E achar-se que não é ser-se cínico? Ah, era para usar as palavras-chave mesmo que não façam sentido nenhum na frase.
«o primeiro-ministro ande a monte»
Hã? (nº 2) Não me digam que o condenaram pelo túnel do Marquês e ele fugiu para o Brasil?
«Ontem, a Comissão Europeia tomou a atitude inédita de pedir esclarecimentos sobre os verdadeiros motivos da interdição», sublinhou Louçã, considerando que «nunca o Governo português foi tão enxovalhado» por esta instituição
Felizmente, o BE não teve nada a ver com esse "enxovalho".
o deputado do BE agradeceu ao presidente do CDS-PP «as repetidas conferências de imprensa, o frenesim», sem os quais considerou que «o país nunca teria discutido o tema com a atenção que lhe foi dada».
"Alô? Daqui Francisco Louçã". De facto o frenesim existiu, mas se é essa a ideia do BE de discussão de um tema, só se lhes pode dizer: "Boa tarde. Daqui corveta Baptista Andrade, era só para avisar que estão a meter água"