Ah, as glórias da liberalização...
Hoje estava possesso porque para vir de Milão para Londres tinha duas hipóteses: voar de Linate para Heathrow - longíssimo de onde queria ir em Londres - ou de Malpensa -longíssimo de onde estava - para Gatwick. Um colega - mais experiente nos dramas dos aeroportos errados - vendo o meu desespero a prever 100 libras de táxi para cruzar Londres de ponta a ponta e as chamadas da Contabilidade que se seguiriam falou-me dos Road Runners.
Em Inglaterra, embora os táxis em si sejam regulamentados - e muito - o serviço de transporte em veículos privados está liberalizado pelo que há várias empresas especializadas em transportar gente perdida como eu: é o caso dos Road Runners que fazem Gatwick-Heathrow e vice versa a cerca de 50% do preço de um táxi. Liguei-lhes de Milão e quiseram saber a que horas aterrava, em que voo vinha, para onde ia, como me chamava, etc. Ficaram com o meu número de telemóvel e juraram que me ligavam assim que eu tivesse aterrado, algo que como portuga habituado a mau serviço me pareceu bom de mais para ser verdade, até porque era uma chamada internacional para eles. Mas era. Assim que cheguei ligou-me um sehor que se apresentou como o meu "driver" a querer saber se eu preferia sair sozinho ou que ele me fosse buscar à saída. Disse-lhe que já era crescidinho e fui para a zona exterior das chegadas à espera de ver um Peugeot 605 "navy blue". Nem tive tempo de acender um cigarro! Já lá estava e meteu-se logo ao caminho para o trajecto de uma hora.
No caminho ia a pensar nos nossos taxistas e no serviço que nos prestam: ainda há duas semanas um tocou-me à campainha porque estava dois minutos atrasado e acordou toda a gente. Quando lhe perguntei para que é que pediam o número de telemóvel se depois iam tocar à campainha às 5 da manhã, respondeu-me: "E quem paga a chamada??".
Não sei quem paga as dos Road Runners, mas presumo que fui eu mesmo tendo pago metade do que me cobraria um táxi do cartel. Em Portugal não temos opção.
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