"Quid Rides? De te fabula narratur." Horácio.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Esquiringuindum - Crónicas do Brasil V


Debate

Au di ader hafi lives

O Quid mergulha no mundo fascinante dos carros blindados, camarotes VIP e helicópteros privados e descobre que não nasceu para isto.
Obviamente, começamos por uma visita ao local de culto da crème de la crème paulistana: o Iguatemi. O observador pouco atento, especialmente europeu, poderá pensar que se trata de um vulgar centro comercial. Erro crasso. É um shopping, ou seja, é exactamente igual a um centro comercial, mas as lojas acham-se no direito de quadriplicar os preços provocando experiência nucleares norte-coreanas nas carteiras dos incautos. Pessoalmente, ia morrendo na Diesel com os preços irreais em Reais. Obviamente, os clientes só não pagam em dólares porque não podem, se não pagariam porque é mais "chiqui".
É certo que o Brasil é dos países mais inventivos no que se refere a empregos perfeitamente inúteis que só se justificam pelo baixíssimo custo de mão-de-obra, mas no Iguatemi as coisas atingem níveis de absurdo inauditos. Além das babás que passeiam criancinhas no shopping a sonhar com os sapatos Zegna que custam um ano do seu salário, há as ascensoristas cujo trabalho consiste em dizer "Sobe", "Desce" e "O Iguatemi Agradece" do alto da sua cadeirinha cada vez que a porta abre. Quem subir os 5 andares recebe cinco agradecimentos por andar de elevador, aumentando assim a produtividade geral.
Mas entremos no carro blindado (preparado para violência urbana e resistente a magnum e até metralhadoras segundo me garantiram) com o motorista e os dois guarda-costas armados para irmos para a nossa segunda paragem.: o estádio do Morumbi, ou melhor, o camarote privado no estádio do Morumbi. É uma coisa pequena com 100 m2 cobertos e lugar para mais 100 pessoas na bancada privada à frente, sim, porque na pública costuma haver distúrbios entre claques. Hoje não é o caso porque o S. Paulo recebe o Vasco e a Gol ainda não chegou à favela carioca para trazer os fãs pelo que podemos chamar o rapaz das caipirinhas para a homenagem à equipa "lusa". Esse não que é o das cervejas. Esse também não, que trata do buffet. É esse mesmo. Nada como a especialização das tarefas, polivalência é coisa para funcionários públicos.
Como o Vasco está a levar mais que o Boavista e a prudência aconselha a sair um pouqinho antes do fim do jogo, o melhor é irmos andando para a van que o Clube Paulistano disponibiliza para os sócios que queiram beber um copo a seguir ao jogo.
O clube é uma coisa gigantesca com 3 restaurantes, 2 bares, não sei quantas piscinas e courts de ténis frequentado por fósseis e todos os wannabes que conseguiram pagar os R$150.000 de adesão. Os falidos convidados têm de preencher um extenso inquérito à entrada para poderem auferir do privilégio de covers ao vivo do Neil Diamond.
Felizmente, também tem heliporto para se fugir de lá rapidamente. Embora os helicópteros não sejam blindados.

P.S.1:
Vi o meu primeiro debate Lula-Alckmin e juro que acho que percebi duas frases completas do Lula.
P.S. 2.
Fui arrastado, literalmente, para um concerto deste senhor. Rap da favela carioca. Need I say more?
P.S. 3
Já cá volto para falar das glórias da Bienal e do Mato Grosso. Se sobreviver à Rondónia.