O "Mundo" como eles o vêem
Fico sempre impressionado quando se publicam sondagens sobre a opinião do "Mundo". É um trabalho hercúleo em que imagino entrevistas a agricultores iemenitas e inquéritos a pastores nepaleses. Naturalmente, fico sempre desiludido.
A última "sondagem" ao mundo foi para saber que pensava o mundo da América e de Bush. Tem conclusões muito curiosas, entre as quais a descoberta perturbante de que nem eu nem os meus concidadãos fazemos parte do mundo. Não somos os únicos. numa escolha obviamente séria e aleatória, o mundo é composto pelo Canadá, a França, o Reino Unido, a Espanha, a Rússia, o Japão, a Austrália, Israel e a Coreia do Sul. Tendo em conta o tema da sondagem, torci logo o nariz à amostragem. Afinal, olhando para a escolha que representa a Europa neste "mundo" temos dois países claramente anti-Bush e um com demasiados laços culturais com os EUA para representar o resto do continente nesta questão. Ainda assim, não nos podemos queixar: pelo menos temos representação no mundo, África nem isso.
Se a amostra já é duvidosa pela selecção dos países torna-se hilariante com a selecção dos órgãos que realizam a sondagem. Em França, nada menos que o Le Monde, em Espanha o El Pais e no Reino Unido o The Guardian. Só falta lá o nosso Público e o La Reppublica para termos quórum na Internacional Socialista. O caso no Canadá é ainda mais claro: o jornal escolhido é o La Presse, um jornal francófono lido no Quebeque. Na Austrália é o Sydney Morning Herald, violentamente anti-Howard.
Face a isto, francamente não vi os resultados. Já os sei sem ler.
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