Rocco II
No comentário a este meu post sobre o talvez-Comissário europeu Rocco Buttiglione, CAA diz o seguinte:
"Como já disse: «O Sr. Comissário pode ter as opiniões que quiser sobre o que quiser. Mas no exercício das funções que se apresta para ocupar não pode expelir ditames morais sobre a vida dos OUTROS. Fale da sua, dos seus e da organização fundamentalista a que pertence»."
O negrito é meu, mas a ideia correcta é do CAA. Acontece que a ideia é contraditória com o que ele defendeu antes. De facto, o talvez-Comissário não o pode fazer no exercício das suas funções mas também não o fez porque ainda não exerceu quaisquer funções como Comissário. Falou das suas convicções pessoais. Foi sobre as suas convicções pessoais que foi - erradamente - questionado no Parlamento Europeu. O seu afastamento do exercício de funções é uma medida preventiva na presunção de que as convicções pessoais se vão transformar em políticas europeias. Essa presunção é ilegítima.
A repulsa que nos causam as ideias alheias não podem ser justificação para o impedimento do seu acesso a um cargo público. Não se pode entrar no debate dessas ideias porque não são elas que estão em causa. O que está em causa é o princípio democrático. Nesse não pode haver dúvidas.
Se o Sr. Buttiglione tentar impor a outrem e no exercício das suas funções algumas das ideias que defende pessoalmente cá estaremos para lhe fazer guerra.
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