"Quid Rides? De te fabula narratur." Horácio.

segunda-feira, outubro 18, 2004

Doidos por Mary

Renas e veados


Reagindo ao meu post sobre a menção do lesbianismo da filha de Dick Cheney por parte de Kerry, que considerei e considero inaceitável, o chefão do renas e veados diz o seguinte:
"Por acaso a filha de Cheney é assumidamente lésbica há vários anos, por acaso até já fez parte de acções políticas lgbt, por acaso a mãe (agora muito ofendida) até já escreveu um romance lésbico inspirado na filha, segundo a própria, por acaso o pai já falou sobre a homossexualidade da filha num discurso político, e finalmente, e também só por acaso, os pais agora ofendidos nada disseram quando recentemente um republicano insultou a sua filha em plena conferência republicana em Nova Iorque, apenas pelo facto de ser lésbica..."
São tudo óptimos exemplos do inverso daquilo que presumo se pretendesse provar. Se a filha é assumida foi decisão sua, se participou em acções lgbt idem, se a mãe escreveu ou o pai se calou foi porque assim decidiram. A filha é também Republicana e, se calhar, até é contra o casamento de homossexuais. Tem esse direito. Tratam-se de escolhas individuais com as devidas consequências - uma delas poderá ser passar a imagem de que os Cheneys não estão muito à vontade com a sexualidade da filha.
Outra coisa completamente diferente é um terceiro utilizar a sexualidade da filha de um opositor que nem sequer está presente num debate político. Nao é política é politiquice. Kerry não precisa da filha de Cheney - a não ser que seja um medíocre - para responder a Bush sobre a homossexualidade. Precisa de princípios básicos como a liberdade individual e a igualdade perante a lei. Mas como a sua própria política em relação à homossexualidade é, no mínimo, duvidosa - uma vez que é contra o casamento homossexual, violando o princípio da igualdade - recorre a estas técnicas, repito, inaceitáveis para se esconder.