"Quid Rides? De te fabula narratur." Horácio.

segunda-feira, abril 17, 2006

Donostiako Kronika


Donostia

Se mais provas fossem necessárias de quão miserável é a minha vida, o facto de já estar em San Sebastián há três semanas e ainda ter de resumir este post às primeiras impressões, seria evidência suficiente que necessito urgentemente de, como dizem os americanos, "get a life". Não teria sequer qualquer oposição de princípio a começá-la aqui.
A primeira vez que cá vim foi no século passado - soa sempre bem - a caminho de Bordéus e, já na altura, achei a cidade fascinante. E não só por surgir como uma miragem inverosímil depois do horror de Bilbao, aka, la asquerosa.. A localização ideal com uma baía tão protegida dos ímpetos do mar que lhe chamam "a Concha", acompanhada timidamente por uma marginal que exige, sempre, passeios prolongados ao fim da tarde e uma praia que permite, no Verão, uns mergulhos rápidos, já serviriam de base bastante consistente para qualquer declaração de amor. Mas há que juntar ainda - some cities have all the luck - uma arquitectura digna de prospecção mais detalhada; um rio que atravessa a cidade criando a oportunidade - não descurada - de erguer pontes, um aspecto de cuidado generalizado nas ruas e jardins e hotéis românticos de cortar os pulsos. Como se não bastasse, ainda há colinas para se ter uma pespectiva adequada de tudo isto antes de comer uns pinchos ao balcão sem problemas de bombas que os simpáticos da ETA decretaram logo um cessar-fogo assim que cá cheguei.
Assim sendo, o único problema é ter dos imobiliários mais caros de Espanha pelo que vou ali trabalhar e já cá volto.