"Quid Rides? De te fabula narratur." Horácio.

segunda-feira, março 20, 2006

It Was Really Nothing


Siouxsie Sioux

Há sítios aos quais só podemos voltar depois de vários gins e, de preferência, na companhia de quem lá passava o tempo connosco. De outra forma, corremos o risco de uma depressão grave ou, pior ainda, de voltarmos a vestir jeans pretas justas. O perigo maior destes locais não é o de regressão, de um quantum leap involuntário para os anos 80 e as crises hormonais, é o de servirem como espelhos de um passado que, inevitavelmente, distorcem - género casa dos espelhos da Feira Popular.

Foi com este espírito que fui parar, este Sábado à noite, ao Incógnito. Depois de muitos anos sem lá ir - não me lembro de quantos. Que mania dos detalhes.-, entrei aterrorizado com a perspectiva de um bando de trintões saudosistas abanando as calvícies na pista ao som dos The Jesus & Mary Chain ou, horror dos horrores, uma pista cheia de veinteañeros a dançar qualquer coisa que eu não conhecesse.
Como é evidente, estavam lá ambos, mas o meu terror era injustificado. O negro desapareceu - graças a Deus ou à Benetton - como desapareceram os cabelos à Robert Smith e o ar sou-tão-miserável-que-me-vou-suicidar-a-qualquer-momento, mas o essencial manteve-se; e o essencial foi ouvir a Siouxsie e fechar a pista ao som do William, it Was Really Nothing. E não foi mesmo.