Berços da Nação
Provavelmente esta questão só a mim me chamou a atenção, pelo menos a julgar pela falta de eco nos meios de comunicação social. Refiro-me à decisão do Ministério da Saúde de fechar algumas maternidades para oferecer melhores condições às parturientes através da concentração em unidades melhores. A lógica parece-me correcta e a racionalização dos recursos é algo que há muito se reclama neste país, normalmente sem sucesso.
Que motivo me leva então a este post? Não sei se reparam, mas nesta racionalização - numa ideia absolutamente peregrina - entrámos por Espanha adentro. Sugere o Ministério da Saúde que as parturientes de Elvas vão ter os filhos a Badajoz. Exactamente, a Badajoz, cidade do Reino de Espanha na última vez que verifiquei o atlas.
Ora isto é altamente inovador ao considerar que na racionalização dos nossos recursos podemos usar os recursos dos outros - pessoalmente, se fosse contribuinte espanhol, responderia ao nosso Ministério: "En Badajoz, un coñazo!". Propõe-se até que se comece a fazer o mesmo na rede escolar - enviado as crianças de Vila Real de Santo António para o liceu de Ayamonte - ou nos serviços do Estado fechando os cartórios de Valença e registando tudo em Tui.
Não só é altamente inovador, como dizia, mas vai criar uma geração de portunhóis em Elvas por decisão burocrática. O pior vai ser quando, como no anúncio que anda por aí, estes pequenitos apátridas começarem com perguntas:
- Mamã, eu sou português?
- Sim, meu filho.
- E por que é que nasci em Espanha?
- Porque em Portugal não tinhas sítio onde nascer.
- E por que é que não sou espanhol?
- Porque te registámos em Portugal.
- E por que raio me registaste num país onde eu nem sequer tinha sítio para nascer?
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