País de Poetas III
A um canto da sala já lá estava, entre um frufru de vestidos enormes, a menina Vilaça, a loura, vestida de branco, simples, fresca, com o seu ar de gravura colorida. A mãe Vilaça, a soberba mulher pálida, cochichava com um desembargador de figura apopléctica. O tabelião era um homem letrado, latinista e amigo das musas; escrevia num jornal de então, a "Alcofa das Damas": porque era sobretudo galante, e ele mesmo se intitulava, numa ode pitoresca, "moço escudeiro de Vénus". Assim, as suas reuniões eram ocupadas pelas belas-artes - e nessa noite, um poeta do tempo devia vir ler um poemeto intitulado "Elmira ou a Vingança do Veneziano!"... Começavam então a aparecer as primeiras audácias românticas.
Singularidades de uma Rapariga Loura (in Contos), Eça de Queiroz
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