Viagens na Minha Terra II - KO

Estes posts podiam continuar mais uma semana, mas este é um blogue sério. A verdade é que em Portugal horas e datas são conceitos mais complexos do que a fusão nuclear. Dizer que se vai fazer algo num dia ou a uma dada hora é, no melhor dos casos, uma vaga declaração de intenções e, no pior e mais comum, apenas uma primeira forma de adiamento. Desde as reuniões às 9 que começam, com sorte, às 9:30 até aos prazos dilatados - pelo sim, pelo não -, este país já está atrasado quando acorda depois de bater no botão do snooze três vezes.
O mais grave é este comportamento ser aceitável e aceite. Se algum palerma - como eu - se indigna com a falta de respeito que é alguém chegar um quarto de hora atrasado a uma reunião com mais três ou quatro pessoas que chegaram a horas, é olhado como sério candidato a um tratamento psiquiátrico exaustivo e, se se atrever a fechar a porta da sala à hora marcada e iniciar a reunião com os presentes, a agenda muda imediatamente para um workshop em justificações plausíveis para falta de profissionalismo.
Alguém me disse uma vez, em jeito de brincadeira: Sabe como se chama alguém que chega sempre atrasado? Desempregado. Infelizmente, em Portugal, chama-se aumento salarial.