Me escreve, vai! (II)
Abri o livrinho e dei de caras com o senhor aí de cima à conversa com a Clarice, obviamente sobre a escrita. Devo confessar que achei a Clarice um bocadinho bruta nas perguntas (Faça uma crítica dos seus próprios livros.), mas o Jorge não se fica e quando indigado sobre o papel da inspiração, deixa tudo em pratos limpos:
Inspiração? Eu prefiro a palavra vocação: você nasce ou não para escrever, e acabou.
Se alguém pudesse informar o Paulo Coelho...E a "inspiração" não é o único mito romântico que Amado manda pelos ares:
Escrever livros é a minha profissão, e não um hobby, um bico ou uma 'ocupação fundamental...' de fim de semana. Sou, assim, um escritor comercial.
Se houver por aí um pára-quedas para o poeta de Wordsworth...Mas, de longe, a minha afirmação favorita, tem a ver com essa mania de se realizar como se a vida fosse Hollywood:
Quanto a ser realizado, penso que o escritor que um dia se considere realizado, se não for um idiota (e deve ser) tem o dever de deixar de escrever, pois já se realizou.
Se se trocasse "escritor" por "pessoa" e "escrever" por "viver" dava um excelente moto.
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