"Quid Rides? De te fabula narratur." Horácio.

sexta-feira, março 03, 2006

I Am a Camera II


Isherwood Auden

"On January 19,1939, Auden and I sailed from Southampton in the French liner Champlain, bound for New York."
É assim que abre este primeiro volume do diário de Isherwood. Mas a minha pergunta precede o dia 19: o que levou Isherwood e Auden a ir para os Estados Unidos. Em Christopher and His Kind, Isherwood explica que fugira com Auden e, entre outros, Stephen Spender da Inglaterra puritana para Berlim à procura de uma sociedade mais tolerante, embora a posteriori, a República do Weimar nos pareça tudo menos isso.
Mas o que os levava a Nova Iorque?
"Why were we going to America? I suppose, for myself, the chief reason was that I couldn't stop travelling. (...) I was also running away from myself: that was why I never stayed anywhere long. I could remain in Portugal, for example, as long as I could believe in an objective Portugal. But, sooner or later, Portugal would dissolve and reveal itself as the all-too-familiar, subjective "Isherwood Portugal". Then I fled in disgust."
Isherwood fugia, portanto, de si mesmo. O destino era irrelevante e o importante era não parar o suficiente para o confronto inevitável. Mas e Auden? Isherwood não arrisca qualquer explicação para a partida do amigo de longa data embora passe com a facilidade da intimidade do singular para o plural. Muitas das suas entradas usam "We" e é curioso verificar como nas entradas originais surge sempre a referência a "Wystan" e nos comentários realizados na altura da compilação dos diários passamos a ter "Auden".
Talvez a justificação real seja o desencanto comum que descobriram a meio do Atlântico:
"'You know, I just don't believe in any of it anymore. (...) I simple can't swallow another mouthful'. And Auden answered: 'No, neither can I.'"
Em Nova Iorque esperavam-nos Erika e Klaus Mann.