"Quid Rides? De te fabula narratur." Horácio.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

É fazer as contas

Ábaco


As notícias já não são de hoje, mas não tive tempo de blogar sobre o assunto antes. Por mera coincidência, vi a mesma notícia no Público e no New York Times sobre os resultados do estudo da OCDE sobre as competências dos alunos. Não entrando no detalhe sobre a situação portuguesa, o que me chamou a atenção foi o tom e estilo de um e de outro artigo: um de um país - Portugal - que se encontra em 25º lugar no ranking; o outro de um país - os EUA - que se encontra em 28º(embora os números não sejam claros: o NYT fala de 40 países, o Público de 29; mas outra coisa não seria de esperar, afinal são jornalistas dos piores países a matemática).
O NYT começa pela positiva, diz quem são os melhores e depois a posição dos EUA:
"High school students in Hong Kong, Finland and South Korea do best in mathematics among those in 40 surveyed countries while students in the United States finished in the bottom half, according to a new international comparison of mathematical skills shown by 15-year-olds."

O Público entra a matar:
Mais de metade dos alunos portugueses com 15 anos têm níveis de literacia matemática baixos, ou seja, não conseguem mais do que fazer tarefas simples.

Na análise da excelência, passa-se o mesmo. No NYT, o ponto de vista positivo a comçar:
In the United States, 10 percent of the students were in one of the top two groups, less than half as many as in Canada and a third the total of the leader, Hong Kong, which had 30.7 percent of its students in the top two categories.

No Público, porrada:
Apenas um em cada cem alunos portugueses realizam exercícios mais complexos e ocupam o nível mais alto, ficando a três pontos percentuais da média da OCDE (quatro por cento).

E o mesmo continua por aí fora. A lógica derrotista portuguesa irrita-me profundamente e irrita-me ainda mais quando vejo que outros países - neste caso a superpotência mundial - que até estão atrás de nós aproveitam os estudos para reflectir enquanto em Portugal servem para reforçar o "estar na cauda", "atraso", etc.
Que é que teremos a ganhar com esta atitude?
É fazer as contas...