Celulóide

O fascínio actual por Jane Austen parece ter duas causas: por um lado, o ambiente romântico - de bailes, vestidos e amores eternos- que perpassa os seus romances; por outro, o contrário desta aparente leveza - e uma das razões da modernidade de Jane Austen - a força das suas personagens femininas num período em que a norma era a submissão.
Pride and Prejudice é a mais recente de uma série de adaptações dos romances de Jane Austen ao cinema e televisão (a lista inclui todos os romances e várias versões) e não decepciona.
O fascínio da aristocracia britânica da época é garantido não só pelo excelente guarda-roupa ou pelos palácios escolhidos a dedo, mas também pela presença de Judi Dench numa Lady Catherine devastadoramente snob. E, embora Mr Darcy seja sempre Colin Firth no meu imaginário, o relativamente desconhecido e também britânico Matthew MacFadyen é mais do que convincente.
Quanto a Elizabeth, a mulher que afirma "Believe me, men are either eaten up with arrogance or stupidity" e que se dá ao luxo de recusar casamentos ainda que avisada do risco de ficar solteirona, Keira Knightley - do péssimo Pirates of the Caribbean - dá-lhe um toque ainda mais moderno.