Besame mucho
Vou dizer ao Sousa Tavares!
Só tive tempo de ler a nova barbaridade do Miguel Sousa Tavares no avião, por isso, este post pode parecer extemporâneo ou, pelo menos, atrasado. Perdoem-me o jet lag, mas, tinha que deixar aqui alguns comentários ao texto.
Afirma MST o seguinte:
«Duas miúdas de 14 ou 15 anos foram chamadas e repreendidas pelo conselho directivo da respectiva escola pelo facto de andarem a exibir a sua mútua atracção, através de beijos e apalpões, perante a plateia da escola.» para logo concluir que se trata de «um comportamento infelizmente muito típico das comunidades gays e lésbicas, que é o exibicionismo sexual».
Eu não sei em que escola o MST andou, mas dá-me pena quem nunca se exibiu sexualmente nesse comportamento típico das comunidades gays, lésbicas e heterossexuais adolescentes que é o de trocar uns beijos nos intervalos atrás do pavilhão. Pessoalmente, comecei a exibir-me sexualmente mais cedo a jogar ao famoso bate-o-pé no ciclo preparatório. Nessa altura, enquanto o resto dos colegas se beijava, o MST ainda estaria certamente a fazer "exames de consciência" para ver se tinha "qualquer orientação sexual homofóbica".
Poder-se-ia pensar que é por isso que lhe caem mal os beijos adolescentes, mas não é verdade. Nas várias crónicas de MST nunca vi uma insurgindo-se contra as exibições sexuais públicas dos adolescentes nas telenovelas da TVI pelo que o problema de MST tem realmente a ver não com o beijo em si, mas com os veículos do mesmo e com o facto de se tratarem de duas raparigas. MST não tem nada contra beijos ou apalpões, tem contra beijos ou apalpões lésbicos. Tem toda a razão: o lugar destes actos é na pornografia heterossexual e não entre adolescentes a descobrir a sexualidade.
Estivesse MST realmente preocupado com os beijos em si e nunca afirmaria isto:
"Voltando à escola das miúdas "reprimidas", o que eu penso é que os restantes alunos têm a liberdade correspondente à delas, que é a de não quererem saber nem terem de assistir às demonstrações da sua inclinação sexual."
Teria de dizer isto e vice-versa. Ou seja, as reprimidas também não têm de levar com os beijos do Carlitos à Kátia ou com os apalpões da Carina a metade dos rapazes da turma. Isso sim, seria liberdade correspondente.
Francamente, ainda não percebi se o estilo Zezé Camarinha meets Ernest Hemingway - tão admirado no Blasfémias (beijinhos que o MST não está a ver) - é inato ou não passa de pose, mas não há pachorra.
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