"Quid Rides? De te fabula narratur." Horácio.

sábado, novembro 06, 2004

Súmula da Semana

HTML Dog


Começar um novo emprego nunca é fácil. Para onde é que vou? Que é que faço? Quais são as regras? Com quem é que falo? Se juntarmos a isto o facto de ter começado por passar a semana em reuniões com uma russa, um dinamarquês, dois franceses, um italiano, uma argentina, uma australiana, uma americana e dois britânicos, não se pode dizer que as coisas tenham corrido mal. Exceptuando o facto do dinamarquês ter dito à americana - com a subtileza viquingue que os caracteriza - que o sistema que ela propunha era básico e adequado a americanos porque eles eram estúpidos. Prova disso era terem votado no Bush. A americana, que por acaso tinha votado no Kerry e ainda estava em choque, não lhe ligou nenhuma e fez muito bem.
Mas entretanto o Bush lá ganhou provando que a demonização não resulta e tem o efeito inverso. A imagem de monstro que criaram (hello, Moore?) do pseudo-texano era de tal forma exagerada que ele só podia ganhar quando as pessoas confrontassem esse imagem com a realidade. Também não ajudou a fraca qualidade do oponente e menos ainda a campanha dos democratas por causas populares nas cosmopolitas Nova Iorque ou São Francisco, mas que causam arrepios em Charlotte, Salt Lake City ou Odessa. As costas não são a América, são uma parte - ao que se vê uma parte ainda minoritária. As teorias de que foram os burros que venceram as eleições são a prova do snobismo anti-democrático típico da esquerda. O voto de um hillbilly qualquer vale tanto como o do Michael Moore. Get over it.
Por Portugal, o nosso presidente alucinou de vez. Que ele defenda o federalismo é problema dele desde que não o faça em nosso nome e em nossa representação. Agora, defender que o referendo sobre a Constituição europeia não deve ser posto em causa devido à falta de informação dos cidadãos é de uma irresponsabilidade que raia o absurdo. Vamos então fazer um referendo sobre uma coisa que os cidadãos não entendem, dizer-lhes para votar "Sim" que eles, pobres ignaros, irão em fila indiana atrás das ordens do Sr. Presidente fazer a cruzinha no local indicado sem criar problemas nem levantar muitas ondas. Se calhar, se os nossos políticos fossem um bocadinho menos "Michael Moorescos", estariam preocupados em elucidar o povo sobre o que se vai referendar, seriam agentes do debate sobre o assunto. Infelizmente, acham que não vale a pena. Pode ser que estejam no dia a seguir ao referendo como o Moore a seguir às eleições e o Sr. Presidente pode dizer que votámos que não por sermos burros e não percebermos nada da Constituição.
Cá por Londres, há mais uma vítima da ignorância.