Arrivederci, Prodi

O Presidente cessante da Comissão Europeia nunca foi figura que me inspirasse grande confiança. Além de se ter imiscuído escandalosamente nas eleições italianas, nunca foi capaz de uma liderança séria da União e passou a tempo a fazer asneira.
Hoje, talvez por já estar de saída, faz o dois em um: dois disparates num só dia. Primeiro, apoia a ideia de John Kerry de realizar uma cimeira acerca da Iraque. A que propósito o Presidente da Comissão Europeia comenta ideias de candidatos à Presidência dos EUA não é dito, deixando clara a mensagem de que se trata de algo ainda mais intolerável: um apoio tácito à candidatura de John Kerry. Que eu saiba, ninguém deu ao Sr. Prodi enquanto Presidente da Comissão o poder de apoiar quem quer que seja em eleições. Ordenar-lhe-ia a prudência que em face das divisões internas na Europa acerca das relações com os EUA estivesse calado e deixasse aos países - a quem cabe - a gestão das relações internacionais.
Por outro lado, afirma que os objectivos de Lisboa falharam redondamente como se não tivesse nada a ver com isso. Atira com a culpa para cima dos Estados-membros que, segundo ele, bloquearam o avanço das reformas. É claro que os Estados podem dizer que a culpa foi da Comissão - e do Sr. Prodi - porque não conseguiu mostrar aos Estados a relevância dessas reformas e levá-los a implementá-las.
Felizmente, o senhor vai-se embora esta semana, mas por este andar ainda vai ter tempo para dizer mais uns disparates. E de deixar como herança esse "big failure".